domingo, 3 de julho de 2011

O DEUS DA PROMESSA.

A narrativa do quase sacrifício de Isaque é um dos textos mais impressionantes e escandaloso da Bíblia. Ao mesmo tempo, é uma de suas mais belas páginas, e talvez de toda a literatura universal.

Tudo parecia resolvido na vida de Abraão. Poder-se–ia dizer que as promessa de Deus estava finalmente cumprida, depois de tanto tempo, e apesar de tantas impossibilidades humanas. Então vem Deus e submete Abraão a uma prova de fogo, prova supre na qual nada pode ser imaginado. O que poderia ser mais difícil? É o ponto culminante e mais dramático da história de Abraão.

O propósito do texto é falar da fé que deve ser unicamente colocada no Deus da promessa, e em nada mais, e que chamaria de todas as provas. Uma fé assim é caracterizada por três coisas muito importantes para entendermos essa dinâmica da obediência.

I - OBEDIÊNCIA INCONDICIONAL

Abraão leva Isaque para o sacrifício sem discutir com Deus, ele sabe que Deus é o ser supremo que todas as coisas cooperam para o bem daqueles que o amam em espírito e em verdade, muitas das vezes reclamamos daquilo que Deus tem feito em nossas vidas, e dizemos que amamos a Deus, se realmente isso é verdade, temos que deixar nossa vida a cargo Dele, para que possa fazer conforme lhe apraz, quando fazemos aquilo que Deus quer, Ele fará aquilo que nós precisamos, e Abraão sabia muito bem disso, Deus requer obediência incondicional de suas criaturas, justamente para que ele trabalhe de forma correta, o vazo perguntaria ao olheiro como seria seu contorno? O como se deve faze-lo? Vida de fé, é vida totalmente disponível para fazer as vontades divinas, mesmo que para isso as coisas sejam de forma contrária ao que queremos “Eis me aqui” não é possível entender que na noite antes do sacrifício Abraão queria desistir, na caminhada, na chegada ao monte, na hora de afiar a faca, mas uma coisa é certa, não há fé sem obediência, tudo que Abraão fez foi justamente por amor ao seu Deus, e pela fé que tinha Nele.

Abraão assim como Jesus Cristo mais tarde compreenderia que a vontade de Deus está acima de tudo, e que Ele sabe como cuidar de cada uma de suas criaturas morais, nenhum imprevisto poderia impedi-lo de fazer a vontade de Deus, por isso que nada nesta vida pode nos separar do amor de Deus, tão pouco de nos impedir de fazer a sua vontade em nossas vidas.

Ao contrário de algumas pessoas que dizem que amam a Deus e na prática fazem o que querem, nós cristãos devemos fazer apenas a vontade de Deus, deixando Ele ministrar em nossas vidas, mesmo que para isso tenhamos que sacrificar o nosso Isaque.


II - ESPERANÇA INDESTRUTÍVEL

Abraão sabe que Deus não tem prazer na morte das pessoas, e que Ele também não gosta de destruir os sonhos das pessoas que Ele mesmo plantou, pois seus planos não são frustrados e seus projetos são perfeitos. Devemos recordar sempre essas verdades a respeito de Deus, sobretudo quando em meio a situações aparentemente absurdas e intoleráveis.

Deus havia prometido fazer de Abraão um grande povo a partir de Isaque, um filho impossível, gerado por um homem e uma mulher velha num ventre velho e estéril. E o Deus dos impossíveis não iria voltar atrás, nem se contradizer. Esta a base da esperança de Abraão, que se manifesta com toda a força. Quando diz aos servos: “Voltaremos”. Abraão não duvidou de que Deus cumpriria sua promessa. Depois, quando a Isaque diz: “Deus proverá para si, meu filho, o cordeiro para o holocausto”. Abraão não estava enganando o filho, deixando de dizer-lhe a verdade (“tu serás o cordeiro”); estava expressando sua esperança. Não por acaso o apóstolo Paulo chama a Abraão de alguém que esperava contra a esperança (Romanos 4.18). Poderíamos mesmo falar como o autor da epístola aos Hebreus, que afirma, com grande beleza e força, que Abraão tinha tanta e tão indestrutível esperança que cria que Deus era poderoso até para ressuscitar seu filho.

De fato, só quem confia no Deus de Abraão e de Jesus, e mostra Nele uma esperança indestrutível, pode esperar o triunfo certo e definitivo da vida.


III - DEPENDER EXCLUSIVA E INTEIRAMENTE DA PROVIDÊNCIA DE DEUS

“Deus proverá”. Toda a nossa fé poderia ser resumida nestas duas palavras.

Única saída verdadeira para as situações difíceis: descansar na providência de Deus, sabendo que a sua vontade é sempre boa. Como diz Dante: “Na sua vontade está a nossa paz”. Por isso Jesus nos ensina a orar: “Venha o teu reino, seja feita a tua vontade, assim na terra como no céu” (Mateus 6.10) – um ensino que ele sempre praticou, como se vê em sua hora de maior angústia no Getsêmani: “Abba, Pai, tudo te é possível; passa de mim este cálice; contudo, não seja o que eu quero, e, sim, o que tu queres” (Marcos 14.36).

O futuro e a felicidade de Abraão não poderiam depender de Isaque, mas sim de Deus. Agora que a promessa se cumprira, a espera acabara, o filho nascera, Abraão corria o risco de colocar sua alegria, sua paz, sua esperança nesse filho, que ele podia ver Deus invisível e impalpável. É uma tendência muito nossa essa de depender das coisas concretas que possuímos: nossas certezas, nossos conhecimentos, nossas capacidades intelectuais, nossos bens, nossa visão das coisas tão arrumadinhas, elas podem até se tornar o nosso deus. Para livrar Abraão desse erro terrível, Deus lhe diz: Sacrifica-me teu filho! Dá-me aquilo que te é mais caro! Abraão estava pronto a renunciar a tudo, para continua único digno de nossa confiança, nosso amor, nossa adoração, Aquele diante de quem temos de estar sempre disponíveis. Pois só experimenta Deus quem se dispõe a ir até às últimas conseqüências, quem se abre sem reservas ao mistério, quem se submete completamente a sua soberania.

CONCLUSÃO

Este é o Deus da Bíblia, o nosso Deus. Tão diferente dos deuses que Abraão conhecera antes de ser chamado, do que inventamos nos nossos desejos de segurança. Um Deus soberano, absoluto, livre, misterioso, não manipulável. Mas não louco, nem arbitrário, nem contraditório. Um Deus que sempre age para nos fazer crescer na sua fé, não só mais também através de duras provas. Passar pela prova de fogo nos purifica, nos torna melhores. Abraão recebe seu filho de volta de uma união mais profunda se estabelece entre Deus e seu servo.

Abraão poderia ter se recusado a passar pela prova; mas teria que trocar de Deus. Preferia continuar acreditando em Deus, mesmo diante do que não parecia ser concreto para ele; preferiu continuar crendo na bondade de Deus até o último momento; confiando em sua presença ainda que pudesse está sentindo apenas a sua ausência. Por isso Abraão se torna o pai da fé. Um modelo para nós da superação de fogo, de abertura e entrega a Deus.

Que Deus nos ajude a seguir o seu exemplo, mostrando plena obediência, firme esperança, total dependência do senhor em todos os nossos dias.

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